Sinônimo de poder, esse pequeno fruto da cor do ouro conhecido como Cacau, tem sido há séculos soberano. Já tentaram destroná-lo de inúmeras maneiras mas nem a doença chamada vassoura de bruxa conseguiu tirar seu brilho. Filha de um Ilheense autêntico, eu passava minhas férias em Ilhéus, cidade natal de meu pai. E foi lá que tive meu primeiro contato com o fruto dos Deuses, na fazenda de meu tio Vuca assim era chamado carinhosamente o irmão de meu pai, um dos tios mais loucos que alguém poderia ter, e eu tive essa sorte. Seu nome Ivo, casado com Dona Teresa, uma mulher de gênio forte, altiva eram os donos de uma promissora fazenda de cacau. E foi participando do dia a dia deles que aprendi que quem tem Cacau, manda!
Quem produzia cacau era Rei. Era visto pela sociedade como pessoas importantes, de grande estima, ricos e bem-sucedidos. Podiam ter tudo que sonhavam, bastavam algumas sacas para comprar o carro dos sonhos, a casa, enviar os filhos as melhores escolas, ter um médico que vinha a sua casa quando precisassem. Todos sonhavam em ser cacauicultores, que um dia já foram conhecidos como Coronéis. Homens fortes e implacáveis que brigaram por cada metro quadrado de terra. Usaram da astúcia, da força, para construir o seu legado. E fizeram da cidade de Ilhéus a Terra do ouro amarelo, ouro que brotava em árvores. Ilhéus hoje é conhecida mundialmente como a Terra do chocolate. Recebendo anualmente visitantes de todo o globo. E foi em Ilhéus, que descobri a delicia de pecar. Quando meu pai se aposentou da Marinha, ele decidiu que iriamos viver em Ilhéus, e sua decisão mudou meu destino. Nos mudamos do Rio de Janeiro quando eu tinha 13 anos. E assim começa a minha história pecaminosa.